Tratamento do HIV/AIDS no Brasil: impacto da adesão sobre a utilização de recursos e custos
DOI:
https://doi.org/10.21115/JBES.v12.n1.p81-7Palavras-chave:
infecções por HIV, antirretrovirais, adesão do paciente, custos e análise de custoResumo
Objetivo: Determinar o impacto da adesão ao tratamento antirretroviral sobre a utilização de recursos e custos relacionados ao manejo do HIV/AIDS no Brasil. Métodos: Uma revisão sistemática da literatura foi conduzida em dezembro/2019. Foram incluídos estudos com pacientes adultos, brasileiros, com diagnóstico de HIV/AIDS, que apresentassem dados de adesão terapêutica, utilização de recursos e custos associados ao tratamento. Resultados: Foram localizadas 964 referências, três delas elegíveis para inclusão. O custo total foi estimado em 227.362,00 BRL em seis meses (N = 100 – custos diretos e indiretos) e em 579.264,80 BRL por ano (N = 157 – custos diretos) em indivíduos aderentes ao tratamento. Já em 40 pacientes não aderentes, o custo total estimado, considerando apenas os custos diretos, foi de 136.023,25 BRL por ano. Ao padronizar essas estimativas pelo período de análise e tamanho amostral, pacientes não aderentes demonstram um menor custo total quando comparados àqueles aderentes ao tratamento [170.029,06 BRL (custos diretos) versus 184.479,24 BRL (custos diretos) e 227.362,00 BRL (custos diretos e indiretos)]. No entanto, o grupo de pacientes não aderentes ao tratamento demonstrou maior custo, com diferença estatisticamente significativa para consultas e necessidade de internação hospitalar. A razão de custo-efetividade incremental para indivíduos aderentes à terapia antirretroviral (7.622 BRL por resposta clínica) foi menor quando comparada ao grupo de indivíduos não aderentes (9.716 BRL por resposta clínica). Conclusões: Apesar da escassez de estudos que avaliem a relação entre a adesão ao tratamento e os custos com o manejo do HIV/AIDS no Brasil, os achados corroboram a hipótese de que a não adesão ao tratamento pode gerar um maior custo.