Pacientes com dor crônica no sistema de saúde suplementar brasileiro: um estudo de banco de dados com a perspectiva dos especialistas
DOI:
https://doi.org/10.21115/JBES.v14.n2.p121-127Palavras-chave:
dor, dor crônica, jornada do paciente, utilização de recursos de saúde, custosResumo
Objetivo: O objetivo do estudo foi descrever as demandas e custos dos pacientes com dor crônica no sistema privado de saúde brasileiro. Métodos: Neste estudo retrospectivo do banco de dados administrativo, avaliamos a utilização de recursos de pacientes com dor no ambiente privado. Em um período de quatro anos, avaliamos internações, visitas ambulatoriais e procedimentos. Adicionalmente, promovemos um fórum de discussão com cinco especialistas em dor e gerentes de saúde para abordar o manejo da dor e os modelos de assistência. Resultados: Identificamos 79.689 pacientes com dor crônica. O ortopedista foi o principal especialista médico consultado, com 38.879 visitas realizadas. O oftalmologista, o cardiologista, o ginecologista e o clínico geral também foram consultados com frequência (o reumatologista foi raramente consultado). Entre os especialistas não médicos, o fisioterapeuta foi consultado 87.574 vezes por 12.342 pacientes (15% de toda a coorte). Entre os pacientes, 96% realizaram pelo menos um exame e 86% apresentaram pelo menos uma consulta de emergência durante o período. Em 4 anos, estimamos um custo de mais de 3 bilhões de reais para o sistema privado de saúde. De acordo com as opiniões dos especialistas, um sistema de saúde fragmentado e a falta de abordagens centradas no paciente contribuem para um manejo ineficaz da dor, resultando em um alto uso de recursos. Conclusão: Há necessidade de mudar o modelo de manejo da dor crônica no sistema privado brasileiro. Qualificação dos profissionais, atendimento multidisciplinar centrado no paciente, abordagens integradas, centros de dor e educação dos pacientes podem ajudar a mudar esse cenário.